15 de maio de 2008

Recolha de Dados - Análise ao Tema 2

Para a investigação podemos recorrer ao uso de várias técnicas para a recolha de dados. Aqui podemos encontrar métodos como a observação, a inquirição (onde se inserem os questionários e as entrevistas), a experimentação, análise de documentos, entre outras.

São vários os factores que nos levam à escolha de diferentes tipos de métodos, como tal, devemos conhecer o grau de abrangência de cada um, as suas vantagens e desvantagens e as condições que temos para pôr em prática o método mais adequado à investigação que estamos a conduzir.

Assim, à medida que avançamos com a parte inicial da investigação, vamos delineando o nosso plano de investigação, tendo em consideração as nossas limitações (quer temporais, quer metodológicas, quer amostrais), de modo a definirmos quais os métodos que poderão extrair o máximo de informação necessária para que façamos a análise mais correcta do problema que colocámos.

Ao longo do tema 2 analisaram-se duas técnicas de inquérito que têm um espectro muito alargado. De uma forma muito genérica, a diferença de base que encontramos entre a entrevista e o questionário prende-se com a maior ou menor directividade que cada um tem, como podermos analisar no próximo quadro.


Uma primeira conclusão que se pode tirar é que tanto a entrevista como o inquérito incidem sobre a linguagem, o que nos sugere algumas vantagens e desvantagens.

Relativamente à entrevista temos como grande vantagem, quando comparamos com o questionário, a possibilidade do entrevistador se adaptar ao entrevistado. Para além desta vantagem temos outras como: 1) a obtenção completa da informação que pretendemos; 2) conhecer o entrevistado; 3) avaliar a comunicação não verbal; 4) garantia de resposta por parte dos participantes. As desvantagens estão principalmente ao nível da análise directa da informação, isto é, quando queremos fazer uma análise de conteúdo (e não apenas descritiva) após a entrevista é necessário fazer a sua transcrição, categorização e codificação. Este é um processo longo, que exige muito tempo, nomeadamente no que se refere à entrevista propriamente dita. Por vezes é necessário entrevistar um bom número de indivíduos, o que leva ao aumento do tempo dispendido. Para além destas desvantagens, encontramos outras: 1) a inibição do entrevistado a questões delicadas; 2) a capacidade de verbalização do entrevistado; 3) as condições onde decorrem a entrevista podem ser prejudiciais, o que obriga à preocupação de encontrar um espaço confortável para ambos. Antigamente tínhamos como desvantagem a limitação dos intrumentos usados na entrevista (duração da fita das cassetes, por exemplo), contudo, hoje em dia as tecnologias que dispomos conseguem ultrapassar muitas destas limitações.

No que se refere ao questionário, temos como grande vantagem a abrangência do número de inquiridos. Para além disso, encontramos outras vantagens como: 1) a facilidade de análise dos dados; 2) o facto de ser um instrumento muito mais económico quando avaliamos o número de horas dispendido para a sua aplicação e análise e o número de inquiridos envolvidos no processo; 3) permite, com maior facilidade, a colocação de questões mais íntimas; 4) menor enviesamento nas respostas. Contudo, há um conjunto de desvantagens, mas aquela que denota maior preocupação diz respeito ao processo de construção do questionário que, para além de ser longa, não garante a total adaptação aos inquiridos: 1) não permite o esclarecimento de dúvidas nas questões colocadas; 2) o vocabulário do inquirido; 3) a taxa de retorno de respostas costuma ser baixa (o que obriga ao uso de estratégias que colmatem este problema); 4) a falta de controlo na condução das respostas; 5) o acréscimo de informação complementar.

Assim, verificamos que o segredo da entrevista reside no próprio entrevistador, enquanto que no questionário o segredo está na construção do mesmo. Em ambos os casos, a maior desvantagem prende-se com a garantia da veracidade das informações que foram recolhidas.

O uso de diferentes métodos que se complementem e que permitam retirar a informação necessária para responder ao problema que é colocado no início da investigação, parece ser uma tarefa árdua, na medida a que obriga ao conhecimento do uso dos mesmos, mas também ao seu domínio (ou então que haja alguém que domine essa técnica para a poder aplicar, contudo, isso obriga a que a pessoa também esteja por dentro da investigação).

Recursos usados:

Guide to the Design of Questionnaires

Interviewing in qualitative research

Almeida, L. & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios.

Bogdan, R. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

Ghiglione, R. & Matalon, B. (2001). O Inquérito: teoria e prática. Oeiras: Celta Editora

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