O termo investigação-acção foi apresentado por Kurt Lewin em 1946 no paper "Action Research and Minority Problems" (fonte http://en.wikipedia.org/wiki/Action_research).
A associação da investigação-acção ao paradigma qualitativo é inevitável, isto porque parte de um processo baseado na experiência e prática diária, seguindo o método indutivo, mas que não se preocupa meramente com a procura de descrever ou compreender os fenómenos. O grande objectivo da investigação-acção é a promoção de mudanças (Bogdan & Biklen, 1994) e de desenvolvimento social (Almeida & Freire, 2003) . Parece consensual que a investigação-acção parta de um problema, à semelhança de qualquer outro acto investigativo. A grande diferença, quando a comparamos com outro tipo de investigações, está na produção de informação e conhecimentos que permitam uma aplicação imediata no contexto (Arends, 2000).
Uma outra característica típica da investigação-acção diz respeito ao indivíduo que leva a cabo a investigação. Normalmente esta não é promovida pelos investigadores, mas sim pelas pessoas que, na sua actividade, se deparam com situações/problemas que precisam de ver resolvidas.
O processo da investigação-acção pode dividir-se em diferentes passos, mas na fase inicial é necessário colocar um problema prático, relativo às problemáticas e vivências diárias, e que não interfira em demasia com a actividade principal e que possa ser resolvido pela própria pessoa (com ou sem ajuda de terceiros). A partir daí dá-se um conjunto de actividades cíclicas que passam pela 1) planificação, 2) acção, 3) observação e 4) reflexão. Neste processo a recolha de informação válida é essencial porque é com base nessa informação que se vão tomar as decisões estratégicas na planificação. A recolha de informação dá-se no momento da observação. À medida que se vão resolvendo os problemas iniciais, durante a reflexão podemos ter duas hipóteses para dar continuidade ao ciclo: ou surge um novo problema na reflexão e partimos desse problema, ou então debruçamo-nos sobre outras questões que gostaríamos de ver resolvidas.
Um outro aspecto associado à investigação-acção está relacionado com a participação de outros membros. Como este tipo de investigação implica a mudança e o desenvolvimento social, obriga ao envolvimento dos diferentes elementos da comunidade visados na investigação. Por um lado, os dados recolhidos permitem maior consciência do problemas, por outro é suficiente motivador para que os diferentes indivíduos participem na investigação-acção. Bogdan e Biklen (1994) referem que neste tipo de investigação existem muitas coisas em jogo, nomeadamente a vida das pessoas, os empregos, as práticas injustas para com alguns, etc, o que obriga o investigador a "ser sistemático, completo e rigoroso na recolha de dados" (P. 299).
No campo educativo, quem desenvolve este tipo de metodologia, tem por hábito partilhar os resultados com os diferentes colegas, de modo a discutir os métodos de ensino praticados (Arends, 2000). Esta questão remete-nos para a ideia de escola reflexiva, mas não circunscrita à acção de apenas um ou outro elemento. A envolvência de todos os elementos da comunidade educativa é essencial, para que esta forma de pensar e de estar perante a educação seja eficaz no processo educativo.
Recursos usados:
http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=35592
Almeida, L. & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios.
Arends, R. I. (2000). Aprender a ensinar. Lisboa: McGraw-Hill
Bogdan, R. & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.
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