16 de abril de 2011

Investigação em EaD

Quando uma pessoa se inicia na investigação de um determinado ramo do saber, é importante ter conhecimento de quais são as linhas orientadoras desse mesmo ramo. Em EaD a maioria do tipo de investigações têm tido um carácter qualitativo, o que terá alguma lógica, já que estamos a falar de um ramo que se encontra em vários pontos numa fase inicial e que, devido às constantes transformações a que assistimos, leva à existência de estudos com caráter mais exploratório. Contudo, também se tem assistido a vários avanços no cimentar de teorias que dêem suporte a investigações com maior pendor quantitativo. Um dos exemplos que podemos encontrar é o Community of Inquiry (CoI) Model, que tem um instrumento testado e validado, que analisa as suas três presenças numa ambiente de aprendizagem em comunidade.

Quando olhamos para o estudo Delphi levado a cabo por Zawacki-Richter (2009), este identifica 15 áreas distribuídas por três níveis. Assim, ao nível macro temos:
  1. Acesso, Equidade e Ética;
  2. Globalização da EaD e Aspectos Transversais na Cultura;
  3. Sistemas de EaD e Instituições;
  4. Modelos e Teorias;
  5. Métodos de Investigação na EaD e Transferência do Conhecimento
No que diz respeito ao nível meso temos como áreas de investigação:
  1. Gestão e Organização;
  2. Custos e Benefícios;
  3. Tecnologia Educacional;
  4. Inovação e Mudança;
  5. Desenvolvimento Profissional e Suporte Institucional;
  6. Serviços de Suporte ao Estudante;
  7. Quality Assurance.
E ao nível micro:
  1. Design Instrucional;
  2. Interacção e Comunicação nas Comunidades de Aprendizagem;
  3. Características dos Estudantes.
Destas áreas, algumas têm tido um maior enfoque (Macro - área 1; Meso - áreas 1, 4, 5, 6 e 7; Micro - todas as áreas) e outras mais negligenciadas. Das áreas mais negligenciadas é interessante verificar que uma delas é a que reporta aos 'custos e benefícios'. De facto este é um elemento que qualquer instituição educativa deveria ter como prioridade na sua análise, para que haja graus mais elevados de eficácia e eficiência. Contudo, não nos podemos esquecer que as instituições educativas devem ter preocupações centradas no lado pedagógico e devem deixar para segundo plano as questões financeiras, sem perder a noção que têm que ser organizações sustentáveis.

Deste modo, um investigador deve estar ciente das áreas de estudo e, entre várias variáveis associadas ao processo de decisão do caminho a tomar, deve estar atento às áreas emergentes, que permitam um forte contributo para o avanço científico na EaD. Contudo, na sua ação investigativa também deve ter um outro cuidado: publicar.
Se tivermos em consideração a famosa expressão 'publish ou perish', o investigador tem que ter noção das revistas que, na sua área, têm maior fator de impacto. O estudo de Zawacki-Richter, Bäcker e Vogt (2009) analisa precisamente as cinco revistas com maior expressão na EaD. Os artigos destas revistas centram-se maioritariamente nas áreas micro identificadas acima. Em termos de destaque de uma metodologia em particular, não são encontradas diferenças (apesar de determinados jornais darem maior relevo a um tipo específico de metodologia de investigação, por exemplo no AJDE os artigos com metodologias quantitativas tinham um peso de 63%). Aquilo que se encontra igualmente neste estudo é a existência de uma maior envolvência em projetos de colaboração internacional. Assim, o investigador ao ter noção do que as revistas valorizam, pode e deve canalizar os seus artigos para aquelas que são mais adequadas aos seus estudos. Mas as escolhas do investigador não devem estar dependentes destes aspetos; acima de tudo uma boa investigação deve partir de uma boa teoria, mas principalmente de uma boa questão de investigação.

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