18 de junho de 2011

Métodos interpretativos e a entrevista online

Antes de partir para a análise dos métodos interpretativos, importa fazer uma pequena distinção entre paradigma, metodologia, método e técnica (de acordo com Coutinho, 2011). Partindo deste último, a técnica é a vertente mais prática destes 4 conceitos. O método é o conjunto de técnicas usadas para um determinado fim. A metodologia é um conceito mais teórico que descreve e analisa os métodos e o paradigma é o sistema de princípios, valores e crenças que orientam a metodologia.

Os métodos interpretativos (associados a outros termos como por exemplo métodos qualitativos) alicerçam-se na fenomenologia, na etnometodologia e no interacionismo simbólico. Aquilo que se salienta neste tipo de abordagem é o cariz indutivo, onde o investigador procura interpretar os dados que recolhe a partir do diálogo, do questionamento e da interação com os participantes, extraindo significados do contexto específico, com as suas características filosóficas, históricas, culturais, sociais e psicológicas. Esta interpretação nunca pode pôr de lado o próprio investigador, porque ele experiencia igualmente uma história e um contexto social específico. Assim, o investigador dá sentido e estrutura aos significados que os outros sujeitos apresentaram.

A forma como a perspectiva interpretativa se liga ao e-research leva, inevitavelmente a algumas adaptações, já que estamos a operar num contexto que tem características próprias, apesar de podermos encontrar muitos pontos de ligação com aquela que é a investigação offline.
Friesen (2008) refere que os desafios dos investigadores na área do e-learning passam por repensar a forma como se investiga, conseguir acompanhar novos desenvolvimentos teóricos e pela reflexão dos rápidos desenvolvimentos sociais, técnicos e configurações. Por seu turno, Anderson e Kanuka (2003) alertam para os constrangimentos económicos, de segurança e ética existentes no e-research, o que obriga a uma permanente reflexão das técnicas de investigação.
No e-research encontramos múltiplas técnicas de recolha de dados (Anderson & Kanuka, 2003):
  • Questionários online;
  • Entrevistas mediadas por computador via email e conferência;
  • Focus groups a partir de vídeo e áudio conferência mediada pela Internet;
  • Entrevista por telefone mediada pela Internet;
  • Análise de transcrições de texto, de atividades de aprendizagem e sociais;
  • Análise de comportamentos sociais em Ambientes de Realidade Virtual;
  • Avaliação do conhecimento online.

Entrevista Online
Independentemente do meio de realização da entrevista, este instrumento de recolha de dados, enquanto instrumento de interação social, tem um papel relevante para o desenvolvimento da pesquisa qualitativa por ser o principal instrumento empírico a favor desse tipo de abordagem.
Apesar de haver algumas semelhanças com a entrevista presencial, há aspetos que as diferenciam (Costa, Dias & Luccio, 2009), tais como:
  • A formulação das questões depende das próprias características da própria ferramenta online;
  • Há maior flexibilidade em termos de horários e de local;
  • A forma de consentimento da gravação da entrevista;
  • Podem ser interrompidas e retomadas posteriormente sem que sua qualidade seja comprometida.
Deste modo, algumas ferramentas para realização da entrevista online (síncrono e assíncrono) são:
  • Skype;
  • MSN;
  • e-mail;
  • chat;
  • ICQ;
  • Google Talk;
  • Second life.
Há que analisar as vantagens e limitações de cada uma das ferramentas, de modo a escolher qual melhor se adequa ao nosso propósito.

Sem comentários: