28 de abril de 2008

As primeiras Etapas da Investigação - Análise ao Tema 1

No processo investigativo há um conjunto de fases a ter em consideração. A forma como este processo se dá depende do paradigma que o investigador utiliza. Contudo, o primeiro passo, comum a qualquer tipo de investigação, passa pela definição de um problema.

Existem várias modalidades de investigação e consequentemente várias formas de formular problemas. Contudo, e de um modo geral, podemos encontrar três tipos de formulação de questões num problema:




A definição do problema pode ser formulada em forma de questão ou como uma resposta (Almeida & Freire, 2003). Podemos falar de 4 tipos de fontes onde é possível ir buscar informação para definir o nosso problema (Almeida & Freire, 2003):
1) a teoria existente;
2) a observação diária dos fenómenos que nos rodeiam;
3) as propostas e sugestões decorrentes de investigações já realizadas;
4) dos problemas práticos que surgem em determinados contextos e que se querem resolver.


É a partir daqui que se vai analisar a qualidade e a pertinência do problema, porque se este não tem qualquer tipo de relevância ou se não for exequível do ponto de vista do modus operandi da investigação, então não há lógica em colocar o problema, havendo necessidade de reiníciar o primeiro passo.

O modo como se formula o problema vai então determinar a estrutura da investigação (isto porque vai assentar num tipo de paradigma específico). Assim, é como se tivessemos um caminho inicial que se subdividisse em vários outros caminhos e que esses mesmos caminhos se fossem dividindo à medida que a investigação avança.

Almeida e Freire (2003) definem 4 fases iniciais na construção de uma investigação. Contudo, importa realçar que na investigação, em geral, as duas primeiras fases são comuns a qualquer tipo de trabalho, enquanto que as duas seguintes, já não decorrem em todas as investigações:


Retirado de Almeida & Freire (2003)

A estrutura do documento investigativo, em qualquer paradigma, não se altera substancialmente, excepto no seu conteúdo, acabando por seguir os seguintes pontos:
1) Capa (refiro este aspecto porque é importante que o título do trabalho tenha bem identificado os pontos teóricos);
2) Resumo (conteúdo do trabalho onde é identificado o problema, a população estudada, os instrumentos usados, o procedimento de recolha dos dados, os resultados principais e a conclusão);
3) Introdução (colocação do problema e a sua contextualização teórica; aqui surgem ainda ou as hipóteses e variáveis de estudo, ou então as questões orientadoras, dependendo do tipo de investigação);
4) Método (descrição pormenorizada da condução do estudo, de modo a que seja possível a sua replicação, onde normalmente surge a amostra, o material/instrumentos e o procedimento; mais uma vez, consoante o tipo de investigação, podem surgir aqui diferenças, como a existência do design do estudo no caso de se tratar uma investigação experimental);
5) Resultados (aqui encontramos uma grande diferença, enquanto que na investigação quantitativa tudo se gera em torno da validação estatística e da identificação de diferenças significativas dentro das variáveis analisadas, na investigação qualitativa a preocupação limita-se à identificação de factos e evidências que providenciem dados necessários para responder às questões orientadoras);
6) Discussão (sumário dos resultados, avaliando e interpretanto o seu valor, dentro da literatura analisada, deixando indicações para futuras investigações)

Contudo, apesar de esta ser uma estrutura consentânea, os Estudos de Caso, bem como as investigações mistas, etc, podem ter pequenas variações. Aquilo que distingue cada uma delas acaba por ser o seu conteúdo diferenciado. De um modo geral, a investigação segue a própria estrutura da redacção do relatório, apesar de haver momentos em que se volta atrás no processo investigativo, ou então que se verifique uma dialética entre as diferentes fases.

Recursos usados:

Almeida, L. & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios.

Garcia-Marques, T. (2002). Como escrever um relatório de um estudo empírico. Lisboa: ISPA.

3 de abril de 2008

Paradigmas e Métodos - Rumo à Investigação



O que entendemos por paradigma? E por métodos?


Os paradigmas são teorias ou modelos de referência que norteiam os procedimentos. Deste modo, são os paradigmas que definem os métodos a usar. Contudo, o paradigma não se traduz apenas pela definição metodológica; ele afecta a forma como se coloca o problema, o tipo de dados a recolher, a forma como se tratam esses dados e, inclusivé, as próprias conclusões.
Assim, os métodos dizem respeito a um conjunto de regras, usadas de forma racional e sistemática com o objectivo de atingir um fim, e são definidos pelo paradigma que o investigador utiliza.


Na investigação, existe uma controvérsia muito grande em torno do número de paradigmas. Habitualmente existem duas perspectivas base. Contudo, podemos afirmar a existência de, pelo menos 3 paradigmas:

- Qualitativo (empírico-analítico)

- Intermédio/Misto

- Quantitativo (humanista-interpretativo)


De uma forma muito sintética este quadro revela um pouco o que cada um pretende ao analisar os diferentes fenómenos.



Apesar dos fenómenos ajudarem a definir o tipo de investigação a implementar, existem outros factores como: variáveis, condições de controlo em que a investigação vai decorrer, a duração, entre outros factores.
Em relação à utilização dos métodos, se no caso do paradigma qualitativo é geralmente preferido o método indutivo, rapidamente se conclui que o método usado no paradigma quantitativo é o dedutivo. O primeiro é mais heurístico, mais exploratório, procurando deste modo, chegar a uma teoria a partir das evidências observadas. No método dedutivo o investigador constroi o seu trabalho a partir da teoria, para a criação de hipóteses, avançando para a réplica, a testagem, a explicação e o controlo dos fenómenos. No paradigma misto são usados os dois métodos.
Assim, encontramos um conjunto de desenhos de investigação que balizam as diferentes etapas e o tipo de materiais de recolha de informação.

Ainda sobre esta temática gostava de chamar a atenção para o que é designado de investigação-acção. Numa altura em que se fala bastante da ligação entre o mundo académico e o mundo real, a relação entre estes os dois pode ser crucial no desenvolvimento.
A definição do modelo de investigação permite a passagem às primeiras fases do processo de investigação. É neste processo de passagem, da definição do paradigma para o início investigação, que se define o problema que se vai investigar, chegando ao ponto de se confundir a definição do problema com a escolha do paradigma de investigação. Neste período é essencial um contacto com a teoria existente, a ligação com aquilo que se observa diariamente, a procura de fontes de informação, como por exemplo anteriores investigações e problemas já colocados por outros investigadores.

Recursos usados:




Almeida, L. & Freire, T. (2003). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. Braga: Psiquilibrios